A Ciência do Curling

0. Introdução

Para uma maior leitura, os termos correspondentes se aplicam, a princípio, a todos os gêneros. No Curling em particular não há diferença específica de gênero para adjetivos e títulos. No Curling isso é notado em equipes mistas, em que os diferentes gêneros não são divididos ou separados, e complementam bem uns aos outros.

O Curling é um esporte que está em evolução. É um dos esportes de inverno que mais cresce e isso é reconhecidamente um ponto positivo. O desenvolvimento mundial é enorme, devido o interesse de pequenas nações em participar dos Jogos Olímpicos, e assim as equipes se tornam mais e mais profissionais a cada ano. Não é mais suficiente treinar algumas vezes no gelo e participar de pequenos torneios. Como equipe ou técnico, é preciso acompanhar o crescimento constante do nível e continuar a estabelecer novos padrões para se manter competitivo internacionalmente. Se quiser vencer, deve estar um ou mais passos à frente. Mas quais são os passos essenciais para isso? Que parafusos temos que apertar no Curling para sermos bem sucedidos?

À vista disso, para ter sucesso nas competições de Curling, se deve trabalhar de forma multidimensional e ter uma abordagem holística do esporte. Em outras palavras, uma boa técnica, senso de direção e comprimento por si só, estão longe de serem suficientes.

No verão de 2022, fui nomeado técnico principal de Curling do Brasil, com a tarefa principal de formar profissionalmente dois técnicos brasileiros, Tatiani Tamy Garcia e Vinicius Oliveira Fraga, lecionando técnicas, fisiologia e preparação de gelo. O Presidente da Confederação Brasileira de Desportos no Gelo, Matheus Bacelo de Figueiredo, me solicitou o desenvolvimento de um livro sobre Curling especificamente em português, já que eu mesmo tinha interesse de que meu livro Os Cinco

Imagem 6: Medalha de ouro olímpica Stefania Constantini - Pude lançar meu livro publicado em São Paulo e por coincidência escolhi uma foto de Stefania no início, antes de seu grande sucesso olímpico.

Elementos Fisiológicos do Curling, publicado em alemão no ano de 2022, fosse traduzido para diversos idiomas. Sendo assim, as técnicas de Curling deve, também, ser publicada em português, explicadas de uma forma curta e simples. No entanto, a barreira linguística se tornou um dos maiores obstáculos para Os Cinco Elementos Fisiológicos do Curling e outros projetos, já que não tenho conhecimento da língua portuguesa. Por acaso, conheci o professor universitário de linguística Dr. Anthony Kozlowski durante minha estadia em São Paulo, e lhe contei sobre meu projeto com o livro de Curling. Depois de conversar sobre minha barreira linguística e meus planos para outras diversas traduções, ele gentilmente me garantiu seu apoio de forma imediata. O professor universitário Dr. Anthony Kozlowski nasceu na Inglaterra e vive no Brasil há mais de cinquenta anos. Desde o momento em que passamos a trabalhar na versão em inglês do livro pela primeira vez, o contato profissional foi perfeito. Este livro trata, portanto, dos elementos técnicos desde o início, encontrados por Rodger Schmidt. Busquei reunir os conteúdos mais essencial para que, no futuro, novos técnicos possam trabalhar com os elementos técnicos, além de fornecer importantes informações sobre o Curling em cadeiras de rodas. Casos os leitores, ou os futuros coaches brasileiros de Curling queiram se aprofundar no assunto, devem se atentar a continuação dos cinco elementos fisiológicos do Curling.

A Rodger Schmidt Curling Academy vem trabalhando há muitos anos, para descobrir o que determina uma excelente técnica e treinamento no Curling. Este livro apresenta a experiência única de Rodger Schmidt, técnico pentacampeão olímpico. Ele tem sido um dos pilares no desenvolvimento do Curling. Com décadas de experiência, é considerado por muitos como o melhor técnico de Curling do mundo. Atualmente não há ninguém no Curling que tenha experimentado mais jogos no banco de técnico, e ninguém que tenha participado de mais Jogos Olímpicos do que ele.

Meu objetivo no outono de 2018 como treinador nacional júnior, era aprender com o melhor técnico de Curling do mundo. Hoje, gosto de comparar o treinamento com Rodger, a um aprendiz que vai até o mestre para aprender como o Curling funciona como um todo. Na época, queria descobrir como é um treinamento profissional de Curling. Aprendi muito sobre como lidar com atletas, apoio psicológico e mental (treinando), assim como planejamento e organização em detalhes. Agora, cinco anos depois, me encontro na posição de transmitir o conhecimento que adquiri aos futuros técnicos de Curling em São Paulo. Cinco anos atrás, eu mesmo não teria imaginado que um dia me encontraria nesta posição. Estou feliz por poder repassar meus conhecimentos a um país tão único e exótico como o Brasil. O Brasil é conhecido pelo futebol e pelos esportes de verão, por isso estou feliz que esta nação tenha se apaixonado pelos esportes de inverno.

O Brasil está associado, principalmente, com a Amazônia, a floresta tropical, lindas mulheres e a mundialmente famosa praia de Copacabana. O quinto maior país do mundo é dividido em diferentes zonas climáticas. No sul do país, as temperaturas podem chegar a graus negativos. Até na maior cidade da região sudeste, São Paulo, onde está localizado as únicas pistas de Curling da América do Sul, o clima pode ficar gélido. Até recentemente, era difícil para mim imaginar a chance criar condições ótimas no gelo em um país como o Brasil, e esse ainda é um dos maiores desafios da Confederação Brasileira de Desportos no Gelo. As nações reconhecidas pelo esporte no gelo, como o Canadá e os países ao Norte, sempre tiveram superfícies de gelo natural onde adquiriram anos de experiência em termos de qualidade no gelo. Tive o privilégio especial de ser nomeado, pelo mundialmente famoso técnico canadense de Curling Rodger Schmidt, como técnico nacional de Curling da Áustria. Naquela época, paralelamente à nossa equipe, ele também treinou a equipe americana Shuster, que se tornou campeã olímpica alguns anos mais tarde. Não foi por acaso que conseguimos um técnico de Curling tão estimado. Foi graças a Günther Hummelt, que também fez uma contribuição significativa para que o Curling se tornasse uma modalidade olímpica. Ele teve os melhores contatos internacionais como Presidente Mundial de Curling e, ao mesmo tempo, como nosso chefe de federação na época. Günther Hummelt contratou Rodger, um dos técnicos mais experientes e profissionais, que desenvolveu o time em que eu jogava na época e nos promoveu a um nível internacional. Em 2007, me qualifiquei para a equipe nacional e participei do Campeonato Europeu em Füssen, Alemanha.

Havia uma verdadeira euforia em minha equipe e em nosso clube de Curling, Traun. Fiquei muito feliz de participar de um Campeonato Europeu de Curling e de ter a oportunidade de aprender com Rodger, reconhecido como um atleta. Além disso, o Traun Curling Club recebeu um grande apoio da Suíça, nossos vizinhos. Alguns membros do Curling Club St. Gallen, especialmente Heidy Wallner, nos apoiaram a crescer como um time para ter mais sucesso. Eles nos ajudaram a treinar e forneceram equipamentos para gelo, além de técnicos qualificados. Gostaria também de mencionar a ajuda da Federação Canadense em nossos primeiros anos, que nos auxiliou com um técnico muito bom, Brian Chick; que organizou sessões especiais de treinamento para nossa equipe durante muitos dias no estado de Ontário (província canadense). Após meus estudos, ingressei como professor de educação física no Ginásio St. Johann e na Academia Comercial Kitzbühel. Além do meu trabalho como professor, fui convocado como técnico nacional júnior. Junto ao meu irmão, Manuel, que já tinha uma certa experiência na área de esportes juvenis, criamos um projeto nacional para nossa federação de Curling. Meu foco principal era a conexão entre a participação de escolas no Curling. Meu pai, que também é professor de educação física e técnico de ciclismo, me ajudou a me envolver bastante com o tópico. Ele me fez a mesma pergunta durante vários anos: Por que o Curling carece de profissionalismo? E por que não havia um treinamento direcionado aos jovens em nossa federação nacional? Ele destacou a importância de uma educação e treinamento especial, e desejava descobrir como poderia funcionar em termos de treinamento fisiológico para o Curling.

Depois de alguns anos intensos, mas...